Foi com entusiasmo que entrevistámos Victor Guerra, a cara por de trás da Victor Guerra Design a empresa de design de interiores e decoração em Lisboa.
Embarque nesta conversa e fique a saber mais sobre este profissional de renome tão presente no mercado português.
Hoje acredito que o design de interiores sempre fez parte de mim, desde muito jovem. Lembro-me perfeitamente de adolescente andar sempre a mudar coisas no meu quarto. Nunca dei muita atenção, tanto que o meu percurso de estudos esteve ligado a comunicação e marketing. Só quando decidi ir viver para Genebra, no início dos anos 90 é que comecei a entrar mais neste universo. Foi uma surpresa da vida ter tido a oportunidade de trabalhar com pessoas que me eram próximas e que estavam ligadas a arquitetura e a arte. O lado criativo tomou posse. O desenhar à mão, o tocar e sentir os materiais, as cores, tomaram outra dimensão. Durante os estudos de design de interiores descobri um outro universo que me fascinou. A que muitos chamam de arquitetura efémera, e outros de cenografia. Criar conceitos sempre novos e diferentes para exposições, eventos, foi uma experiência bastante rica e exigente. Não existe espaço de manobra para correções ou alterações. Tudo tem que bater certo, pois existe um dia e uma hora em que tudo tem que estar bem e a funcionar. É sempre um processo muito rico e gratificante, mas que nem sempre é fácil.
A minha inspiração é sempre o cliente. Só depois vem o espaço e a sua localização. Não há dois clientes iguais. Cada pessoa tem a sua história e esse fator influencía cada projeto.
Eu creio que tudo começa com o elemento humano. Criar uma relação de confiança é primordial. Todos os aspetos são importantes, e não creio que haja um mais importante que outro. Terão que estar todos interligados. Se por exemplo, a luz não for boa, a textura de uma madeira ou de um tecido, não vai certamente ter o mesmo impacto. Um interior é um “trabalho de grupo”. Os vários componentes devem “comunicar” uns com os outros.
Eu nunca tive um método definido, ou fórmula. Cada projeto é um projeto. Como mencionei anteriormente, o elemento que desencadeia o processo é sempre o cliente. Como não existem dois clientes iguais, é sempre para mim um novo processo. É uma nova aventura. Eu acredito que a inspiração está em todo o lado, e pode vir de tudo o que nos rodeia, quer esteja ligado ao projeto ou não.
Eu acredito que não somos bons em tudo. Um dos meus professores disse-me um dia “… escolher um sofá qualquer um pode fazer, mas escolher o
sofá ideal para o espaço não é para todos… ” creio que esta frase resume bem a importância de um designer de interiores. Na minha filosofia, um designer de interiores, deve ser sempre a ponte entre o que o cliente idealiza e a realidade. É muito fácil nos dias de hoje chegarmos a certas redes sociais e ver imagens de interiores, e tentar fazer igual. O que se esquece, e que se descobre mais tarde, é que esse espaço de interiores que vemos numa imagem faz parte de um contexto, de um espaço, de uma personalidade, da vida do proprietário/a, de um clima, de uma localização geográfica, etc.
Um designer de interiores é uma mais valia em todo e qualquer projeto. O trabalho de um designer de interiores é mais complexo do que se pensa. Visto do exterior, muitos pensam que é só “diversão” ou algo de ligeiro, mas não é o caso. Um bom designer de interiores tem sempre que fazer “malabarismos” entre vários fatores – o que o cliente idealizou, a realidade do espaço e claro, respeitando os orçamentos , a utilização futura do espaço, a funcionalidade, entre outros.
Fazer escolhas. Saber ser neutro.
No mundo de hoje, todos os dias são lançados novos produtos, novos materiais, novas técnicas. É essencial estar-se atualizado do que se passa, pois, a evolução é muito rápida. Existem muitas coisas boas, mas também aparecem muitas coisas que são somente produtos de marketing e comunicação. São escolhas que nem sempre são fáceis de fazer, e para as fazer é preciso estar ao corrente do que se passa.
Saber ser neutro, porque creio que um designer de interiores deve “acompanhar” o cliente, mas não impôr os seus gostos pessoais. O projeto é também “nosso” durante um período de tempo, mas chega um momento em que deixa de ser, e é o cliente que terá que viver com ele (projeto). Quantas vezes o cliente nos diz, escolha o Victor
, o que me leva sempre aquela resposta “… eu posso sugerir, mas a escolha tem que ser sua… ”.
Isto é uma opinião muito pessoal. Muitos não trabalham assim. Quantas vezes o cliente nos diz, eu vi isto assim e gostava de isto também para mim
. O desafio é pegar na ideia do cliente e dar-lhe uma outra leitura que corresponda ao espaço e sobretudo ao cliente. Na maior parte das vezes a reação do cliente depois, é de ficar mais satisfeito “… gosto mais assim… ”. É esta a nossa mais valia.
Temos estado a adaptarmo-nos a novos processos e a novas rotinas. Nem sempre tem sido fácil, porque esta área envolve muitas outras áreas, e basta haver contratempos numa delas para influenciar as outras. Creio que o mais difícil de gerir tem sido o medo. Quando falamos de interior, temos em conta tecidos, texturas, cores, papéis de parede, entre muitos outros. Neste contexto, o cliente gosta sempre de ver, tocar, ações que não se conseguem através de reuniões de trabalho através de um ecrã, o que nos leva a encontrar soluções para se poder avançar.
Creio que ainda é cedo para abordar este assunto de como a COVID19 vai influenciar estas duas áreas. Creio que não será só estas duas que serão afetadas. Mesmo o residencial será afetado. Li recentemente dois artigos de arquitetos de renome internacional sobre este assunto, e o impacto. Questões como o open space no residencial, questões como escolher entre apartamento ou vivenda/casa para evitar os espaços comuns, questões sobre a utilização de espaços comuns e as suas dimensões ou circulação em prédios.
Creio que haverá diversas opiniões, e que irão ver a arquitetura e o design de interiores de outra maneira.
Neste momento não faço. Creio que neste momento é essencial viver/adaptarmo-nos a uma nova realidade. O homem sempre conseguiu adaptar-se a novas situações, mesmo que possa demorar. Creio que o importante é continuarmos positivos e saber ser versátil – saber evoluir nesta nova realidade. Um dia de cada vez e um passo de cada vez.
Para mais informações contate diretamente o profissional através das seguintes formas:
website, página de facebook e ainda Instagram