Helaas is jouw browser verouderd.
Para garantir a melhor experiência em nossa plataforma, por favor faça o download de outros browsers gratuitamente. Basta clicar no ícone!
A forma como uma obra de arquitetura se integra em determinado contexto assume um papel preponderante na maioria dos trabalhos desenvolvidos por arquitetos. Seja por contraste, continuidade ou inclusão é sempre uma relação cuidadosamente trabalhada e extremamente difícil de estabelecer. Na maioria dos casos, as diferentes abordagens resultam de uma análise profunda da envolvente numa tentativa de criar um conjunto harmonioso.
O projeto que seleccionámos para lhe apresentar hoje prima, precisamente, pela forma como se integra na paisagem. Respeitando as características do terreno, surge uma habitação discreta entre as cores verdes e castanhas da sua envolvente.
O trabalho foi desenvolvido pelo atelier CONTAMINAR Arquitetos, fundado em 2004, em Leiria. Composta pelos arquitetos Joel Esperança e Ruben Vaz, e o designer de interiores Romeu Sousa, a equipa destaca-se pela criação de trabalhos multidisciplinares que procuram responder à características de cada desafio de forma singular. Embora as suas obras já tenham sido mencionadas pelo Homify 360º, fique a conhecer mais um projeto único que não o irá desiludir.
Situada na cidade de Leiria, o projeto integra-se num contexto paisagística extremamente agradável. O lote disponível para construção encontra-se envolvido por quantidade considerável de vegetação num local ligeiramente isolado da confusão proporcionada pelo centro urbano.
Em termos programáticos pretendia-se criar uma casa unifamiliar composta pelas divisões inerentes a qualquer projeto habitacional. No entanto, os seus 650 m2, práticamente imperceptiveis, permitiram criar um espaço que vai bastante além das características essenciais de uma habitação.
A intervenção desenvolvida pelos arquitetos procurou tirar partido do de declive do terreno integrando a habitação de forma discreta no contexto. Composta por um único piso, a casa é acedida através da sua fachada poente, onde a construção é praticamente imperceptível. O jogo de rampas desenhadas no terreno que acompanha esta fachada, cria uma frente bastante fechada na habitação que acaba por se transformar numa cobertura ajardinada. Na fachada oposto, virada a nascente, apresenta-se uma geometria bastante mais clara. A sequência de vazios e volumes simples estabelece uma diálogo harmonioso com as áreas exteriores que a acompanham.
O volume paralelepipédico que conforma a habitação é interrompido por uma série de recortes na fachada que conferem uma maior dinâmica ao espaço. Esta forma principal é ainda interseccionada por um novo volume capaz de dividir a habitação no seu interior entre zona social e privada. Sendo assim, a área mais pública da habitação é composta por uma sala e cozinha que funcionam em planta aberta apoiados por uma pequena instalação sanitária. As áreas que pressupõem um maior grau de intimidade integram quatros quartos com diferentes áreas, cada um com a sua própria casa de banho.
O volume que divide a casa em duas áreas fundamentais integra uma piscina interior que construída em betão à vista proporciona uma atmosfera extremamente moderna ao espaço. Esta área é ainda acompanhada de grande vãos que rasgam as paredes estabelecendo um diálogo intenso entre o exterior e interior. As luzes e formas da paisagem refletem-se na água, como se de um espelho de água se tratasse.
As rampas em pedra e gravilha que conformam a fachada este da habitação, tornam este lado da casa mais fechado e opaco numa espécie de proteção à estrada de acesso e construção vizinha. As restantes frentes da casa abrem-se em direção à paisagem numa estrutura revestida em pele de cortiça que assume um papel preponderante na imagem global do espaço. A presença desta matéria, além de garantir uma certa harmonia entre a construção e a natureza, apresenta propriedades sensoriais muito interessantes e um isolamento térmico bastante eficaz na estrutura de betão.
O trabalho desenvolvido nos interiores seguiu um esquema muito simples procurando apenas complementar a beleza natural dos espaços. Sendo assim a presença do branco minimalista na maioria das divisões é interrompido por alguns apontamentos noutros materiais mais tradicionais. Os pavimentos em madeira acabam por aquecer as divisões criando atmosferas mais intimas, indicadas para qualquer ambiente familiar.
A cozinha que funciona em open space juntamente com a sala estar é marcada por um entendimento fluído do espaço. Este espaço amplo é acompanhado da presença do branco que além de multiplicar a sensação de iluminação cria uma atmosfera contemporânea na divisão. A integração de materiais e equipamentos modernos é interrompida por pavimentos de madeira que incorporam uma dimensão tradicional na intervenção.
A beleza deste projeto reside na humildade com que se integrou no contexto paisagístico. Um trabalho que tira partido das características do lugar tornando-as uma mais valia para o projeto de arquitetura. Desde um desenho simples e inteligente à escolha de materiais cuidada, os arquitetos desenvolveram um trabalho excepcional que se revela em todos os detalhes. Desenvolver uma intervenção de 650 m2 com esta delicadeza só pode resultar de um processo projetual extremamente exigente.
