EVA / evolutionary architecture é um atelier nacional com sede na cidade invicta (Porto) e foi fundado no ano de 2007 por Miguel Ângelo, Miguel Sá e Ricardo Oliveira. Esta equipa masculina é multidisciplinar e tem a sua actividade centrada na arquitectura, na modelação 3D e no design. Consideraram-se em permanente expansão, sendo capazes de evoluir com o processo de criação, aproximando-se do futuro com conhecimento em diversas áreas. Seguram cada projecto de forma singular e diferenciada, reinventando e questionando os cânones tradicionais, procurando a diferença em cada metodologia e forma estética.
O projecto pelo qual os daremos a conhecer é um de uma remodelação de uma moradia pré-existente datada de 1898, portanto carregada de história e linhas cheias de vida.
Era neste estado que a moradia de 1898 se encontrava. Estava de facto em mau estado e num avançado grau de deterioração, era urgente intervir e requalificar uma moradia com este historial arquitectónico. A moradia de 3 pisos teria de se adaptar à sociedade actual.
O projecto de reconstrução foi realizado em parceria com o atelier Arquimla. A proposta partiu da vontade de reconstruir e devolver a beleza de outros tempos à moradia pré-existente. E o resultado é absolutamente arrebatador.
A proposta passava por dividir os 3 pisos em zona privadas e sociais. Assim sendo, os dois pisos inferiores servem de zona comum e de serviço e o piso superior a uma zona mais intima e privada, reservado aos quartos. Adaptou-se assim a moradia a um estilo de vida mais actual através de algumas reconfigurações a nível dos interiores.
A estrutura arquitectónica foi mantida ao máximo, pois era um grande desejo conservar o mais possível o passado. O muro que divide a casa do exterior ficou em cimento na sua forma natural e apenas as zonas em que ainda sobravam pedras em granito foram mantidas. A zona de garagem é de formas simples e discretas e parece um elemento ainda em fase de acabamento. A ideia sempre foi apenas valorizar o edifício e não o restante à sua volta ainda que dentro do mesmo terreno. Repare nos painéis solares colocados sobre a garagem, são um exemplo da modernidade e da vontade de lutar contra uma sociedade gastadora e despreocupada com o meio ambiente.
Exteriormente, as fachadas foram mantidas e tratadas e os vãos de janelas e portas foram substituídos por novos, garantindo assim um melhor isolamento térmico e acústico nos interiores. Houve novamente uma preocupação inerente, em manter o mesmo desenho das janelas antigas. Ainda assim, foi conseguido mesmo em situações mais críticas como o modelo abobadado da janela superior ou das zonas curvas de todas as outras. Com um detalhado levantamento de medidas foi conseguido fazer de raiz estas novas janelas.
O telhado em telhas tradicionais de argila foi totalmente reposto, impedindo problemas de entrada de água, frio ou humidade mais tarde. As molduras das portas e janelas em granito foram apenas escovadas e limpas e mantidas.
Pelas fotografias que nos foram partilhadas não conseguimos perceber a cor original deste palacete, mas a opção foi colori-la de cor de rosa. Não sei o porquê, mas antigamente muitas casas eram pintadas nesta cor o que nos dias de hoje apenas aparece em projectos de remodelação como este, onde a vontade de ter o passado presente é muita.
A escada de acesso principal à casa faz-se de forma lateral, por degraus em granito onde houve a colocação positiva de um corrimão moderno em inox. O contraste entre os dois materiais – pedra e inox – é evidente e muito apropriado.
Os interiores, esses estavam completamente degradados. Impossível perceber o porquê do abandono levado a este ponto. A estrutura do tecto, as vigas já se encontravam à vista tal como a falta de tinta e muito humidade nas paredes.
Mas nada que não fosse possível de fazer renascer novamente como se pode comprovar pelas fotografias seguintes.
Os interiores não parecem os mesmos! Não existe qualquer tipo de parecença com os interiores. Agora existe um clima confortável e o mobiliário escolhido para a cozinha é de cor preta e de linhas modernas, contrastando mais uma vez com a arquitectura tão especial e antiga. O ponto de cor foi dado com os blackouts de rolo de cor rosa colocados nas janelas. Os electrodomésticos são super modernos e actuais e a bancada de cozinha em forma de L ainda consegue transformar o espaço em algo mais moderno e convidativo.
Repare na máquina de costura antiga, ao fundo, colocada por baixo da janela. A máquina em si foi retirada e toda a estrutura inferior foi mantida. Agora serve de mesa de apoio e faz lembrar tempos em que cozer à máquina era super comum e habitual em qualquer casa.
Os corredores e zonas de acesso ficaram resolvidos da maneira como pode ver na imagem. As parede foram pintadas de branco e o chão foi revestido a madeira, ao contrário da cozinha em que o revestimento escolhido material cerâmico de cor cinzenta.
O que é de louvar é a quantidade de luz natural que entra em todo o espaço interior devido às pequenas janelas e nichos que insistem em estar presentes e ainda bem. Em relação à luz artificial, esta foi resolvida com a colocação de focos de tecto embutidos resolvendo qualquer falta de luz no interior.
Nesta fotografia a preto e branco que mais se parece com o postal do antigamente, é possível mais uma vez reparar ao pormenor no interior onde já plantas cresciam sem norte e como a estrutura do telhado já não se encontrava completa.
Os pés direitos são altos o que proporciona interiormente espaços amplos e desafogados. No tecto do quarto optou-se pela colocação de uma janela vellux de modelo moderno e actual que permite a sua abertura para o arejamento do espaço através de uma peça extensível e ainda a entrada de luz solar.