Paisagismo—a arte de moldar a paisagem natural ao seu gosto pessoal

Elisabete Figueiredo—HOMIFY Elisabete Figueiredo—HOMIFY
Jardim Privado, Verde Esquisso Lda. Verde Esquisso Lda. Modern garden
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Desde a mais remota humanidade, logo após a sedentarização que deixou o ser humano mais ligado a um meio ambiente específico, que este começou a interagir com a paisagem e a modificar esse ambiente. Rapidamente o homem primitivo percebeu que conseguia domar um pouco a natureza e surgiram as hortas e os quintais para providenciar mantimentos. Mas isso também trouxe beleza, e o Homem não o seria se não fosse sensível à beleza. Foi assim que surgiu o paisagismo, como forma de adaptar a natureza ao gosto humano!

Se acha que paisagismo é o mesmo que jardinagem, se não sabe bem o que fazer ao espaço livre que rodeia a sua casa, ou se pensa que esta atividade se limita ao espaço que rodeia as habitações vai gostar de ler este artigo! Aqui vamos abordar o tema do paisagismo de forma leve, contando um pouco da sua história, explicando o que é a atividade, mostrando as suas várias vertentes e muito mais. Venha connosco!

1—O que é o paisagismo?

A palavra paisagismo é referente a paisagem, ou seja à extensão de terreno que o olhar pode alcançar, e designa o trabalho executado sobre essa paisagem para que esta se torna mais agradável a esse olhar. Não é uma atividade nova, embora não tivesse uma definição, pois desde que o Homem se converteu ao sedentarismo que tem vindo a atuar sobre a natureza envolvente ao seu habitat. 

Hoje em dia o paisagismo é uma área multidisciplinar que se socorre tanto das ciências exatas como da arte para planear, projetar, implantar medidas e gerir contratos de intervenções na paisagem.  Tem como objetivo integrar o homem na natureza que o envolve dotando espaços não construídos com funções de conforto no usufruto, embelezamento, amenização face ao clima e até de meios de preservação do ambiente.

2—Jardinagem e paisagismo

Quando pensamos em paisagismo a primeira coisa que nos aflora a mente é jardinagem. E não está incorreto porque a jardinagem é uma faceta imprescindível ao paisagismo, mas não são o mesmo, sabia? O paisagismo vai muito além do simples ajardinamento dos espaços não construídos. 

Jardinagem é o processo de cuidar de tudo o que engloba um jardim, começando com o plantio das espécies vegetais, mas abrangendo também os cuidados com os objetos decorativos e com os volumes que contêm as plantas. 

Paisagismo é a criação de projetos de exteriores que englobam tudo que interfere na paisagem externa aos edifícios, e que se encontre nos espaços abertos não construídos, incluindo as áreas de circulação, as áreas de lazer, as áreas funcionais, as áreas ajardinadas, entre outras. Para isso o arquiteto paisagístico pode utilizar e distribuir no espaço uma grande variedade de elementos construtivos. O projeto paisagístico pode incluir muros, escadas, caminhos pavimentos, pérgulas e alpendres, churrasqueiras, lareiras de exterior, pavilhões, piscinas, lagos e iluminação entre muitos outros elementos, sem esquecer, evidentemente a escolha das plantas para o ajardinamento. 

O paisagismo apoia-se na arte, pois todo o desenho de um espaço serve a finalidade de o dotar de uma composição agradável e equilibrada, harmonizando as várias facetas do local e aumentando-lhe o valor estético, tal como é fazer uma pintura ou uma escultura. E todos os elementos que se vão incluir nessa composição são ricos em cores e texturas, desde a vegetação aos elementos construídos, como se fossem uma paleta de tintas. Mas também tem uma base cientifica muito sólida pois envolve também conhecimentos de agronomia, botânica, engenharia do ambiente, arquitetura e engenharia florestal entre outros. E por tudo isto os arquitetos paisagísticos são profissionais licenciados e muito qualificado. 

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3—Um pouco de história

Já referimos como a atividade paisagística é antiga, mas será que se manteve estável ao longo dos séculos? Claro que não! Como quase tudo neste mundo, o paisagismo tem uma história e uma evolução própria, que se deu paralelamente à história da própria humanidade e espelhou os seus gostos e aspirações ao longo das eras. Vamos conhecer uma pouco dessa história! 

3.1—Paisagismo na antiguidade  Da antiguidade há pelo menos um projeto paisagístico de que deve ter ouvido falar:—os Jardins Suspensos da Babilónia, considerados uma das sete maravilhas do mundo antigo, que eram compostos por terraços irrigados e representavam uma soberba obra de arquitetura. Mas, muito antes destes jardins, já as casas mais abastadas e os templos eram dotados de jardins muito bem planeados que tinham como função produzir alimentos e ervas, e serviam de palco a rituais… Há 4000 já os Egípcios tinham jardins orientados pelos pontos cardeais com formas geométricas simples mas bem estruturadas.  Aliás, esta faceta religiosa do paisagismo na antiguidade era comum a todos a muitos povos…  

Os persas tinham composições paisagísticas simbólicas, com elementos da religião muçulmana e representações dos elementos na natureza, divididas em quatro quadrantes e cortada por dois canais. Esta composição veio depois a influenciar os jardins árabes, religiosos ou não, com a sua vegetação generosa, água com repuxos e pisos artísticos.  Para os gregos os jardins eram locais sagrados, com vegetação natural e pouca intervenção humana, ou então utilitários, para cultivo, funcionando mais como hortas.

3.2—O contributo romano 
Os romanos deram um grande contributo para o desenvolvimento da atividade paisagística, com o aparecimento de jardins e áreas de lazer muito desenvolvidas e que desempenhavam um papel crucial na vida dos que deles usufruíam. Quem não conhece os terraços e os jardins murados que ainda hoje se podem entrever nas ruínas romanas, com os seus intrincados sistemas de fontes e lagoas, e os seus mosaicos fabulosos?  

O paisagismo romano era muito influenciado pelos gregos no que respeita aos elementos construídos e às estátuas, mas ao contrário destes, os romanos tinham jardins complexos, metódicos e ordenados. Os jardins faziam parte de casas e templos, e a arquitetura era muito valorizada, numa tentativa de fusão entre a casa e a natureza. Para isso usavam-se trepadeiras e murais pintados com cenas naturais.  

A topiaria, ou seja a arte de podar arbustos e dar-lhes formas terá começado com os romanos, e os jardins tinham arbustos, plantas e árvores, ornamentais e de fruto, muito à semelhança dos atuais jardins mediterrânicos, mas muito mais estruturados do que estes. Nos jardins cultivavam-se também ervas aromáticas para a elaborada cozinha romana e vegetais, mas já num espaço específico denominado horto.

Muito para além do aspeto estético e ornamental do paisagismo romano, os planos incluíam de forma muito deliberada e estudada elementos para uso quotidiano, como sombras e bancos, num conceito que chegou intacto aos nossos dias.

3.3- Na idade média 

O paisagismo, como quase tudo na idade média estava confinado à parte religiosa da vida quotidiana. Os jardins eram mais hortas, cultivadas sobretudo nos pátios murados de mosteiros e castelos. Ali plantavam-se plantas comestíveis, ervas aromáticas e flores para enfeitar os altares.  

3.4—O Renascimento  

Depois da austeridade da Idade Média, o Renascimento foi uma lufada de ar fresco no paisagismo. Os espaços ajardinados tornaram-se sumptuosos, elaborados com enfoque na forma. As esculturas e fontes proliferavam, e as próprias plantas eram tratadas como obras de arte que aumentavam a beleza da construção. A interpretação do paisagismo neste período variou muito de país para país, originando estilo específicos:—em França as composições eram mantidas num porte baixo para não ofuscar a grandiosidade das construções, na Itália eram mais volumosas. Na Inglaterra o paisagismo seguiu uma via mais naturalista, com composições de planeamento formal, mas implantação informal, com árvores de grande porte, muitas esculturas e elementos arquitetónicos, como pavilhões, fontes e pontes, inspirados na antiguidade clássica.

Nesta época surgem também os jardins de inspiração oriental, hoje chamados  também de jardins zen, com um maior enfoque na parte construída e planificada, e menos na composição vegetal.

4—O paisagismo contemporâneo

O paisagismo contemporâneo é o somatório de todas estas evoluções históricas, casadas com tendências atuais. Há uma maior liberdade criativa e estética, que permite prosseguir o planeamento com um só estilo ou integrando diversas influências. Ainda assim é possível estabelecer estilos distintos de base, de entre os quais apresentamos alguns a seguir: 

4.1—Jardim clássico—com grande profusão de plantas e elementos construídos, este tipo de composição paisagística tem uma estrutura inspirada nos jardins renascentistas. Um bom exemplo deste estilo são os jardins ingleses. Nele as formas geométricas têm grande destaque e há uma procura de simetria, com separação rígida dos espaços; usam-se árvores de grande porte, arbustos com formas das pela poda e muitas estátuas e outros elementos artísticos. 

4.2—Jardim de inspiração asiática—também inspiradas nos jardins orientais do renascimento, estas composições tendem a ser encaradas como paisagismo de quintal, pois é mais normal serem desenvolvidas em espaços pequenos e fechados (são perfeitas para isso). As áreas ajardinadas são muito estruturadas e estilizadas, e é dado grande proeminência à distribuição de caminhos e elementos estéticos.  

4.3 - Jardim mediterrânico—com inspiração direta na natureza, combinada com alguns elementos que vêm dos jardins italianos renascentistas, as composições mediterrânicas utilizam plantas autóctones numa planificação cuidada, mas com uma implantação muito informal, criando uma paisagem mais próxima da natural. Voltam a recuperar a utilização de árvores e plantas comestíveis no jardim, e procuram beleza em elementos minerais e construídos, como pedras naturais e muros rústicos.  

4.4—Jardim moderno—o jardim moderno é estilizado, procurando a perfeição nas formas simples e geométricas. Normalmente tem menos área plantada, e a que existe é cuidadosamente escolhida para proporcionar determinado efeito visual. Os jardins minimalista, como que vemos na imagem, são o expoente a estilização visual, focando toda nossa atenção em muito poucos elementos, normalmente pensados para evidenciar a edificação.

5—Paisagismo de quintal, paisagismo de jardim

Já referimos antes estas expressões, mas o que significam?

O paisagismo de quintal é aquele aplicado num quintal, ou seja num pequeno espaço fechado e murado, onde muitas vezes se conjugam a estética do jardim com a utilizada de uma horta, ambas usufruídas como jardim.

O paisagismo de jardim é normalmente mais aberto, mais amplo, mas, sobretudo, destina-se a composições apenas voltadas para a prte estética e de lazer, sem cultivo de plantas comestíveis, aromáticas ou medicinais.

5—Paisagismo urbano

E por último queremos falar um pouco de um paisagismo ainda mais abrangente do que o paisagismo residencial, que se faz nas áreas exteriores de uma habitação para melhoria estética e valorização da própria construção:—o paisagismo urbano! 

O aumento da pressão urbanística e o stress urbano das grandes cidades levou a um afastamento do Homem ao ambiente natural, mas isto trouxe grandes contrariedades à vida em sociedade, como o aumento de depressões e outras maleitas associadas à vida na selva de pedra, pelo que a necessidade de estar próximo à natureza tem aumentado consideravelmente. Esta fome de verde levou ao desenvolvimento do paisagismo urbano, que ultrapassa a mera criação de jardins. 

O paisagismo urbano é aquele que envolve a integração de ambientes naturais e projetos feitos pelo homem, numa escala que envolve muito mais do que uma simples casa, abarcando a as ruas, a cidade, e até mesmo o país. Esta é uma área essencial ao ordenamento das nossas cidades, responsável por torná-las mais atraentes e agradáveis. Estamos a falar de parques e jardins, de equipamentos urbanos como bancos ou parques infantis, ou mesmo faixas para ciclismo e equipamentos para exercícios no exterior. Viver rodeado de prédios, sem ter um pouco de ar puro ou um lugar onde fazer uma caminhada agradável é realmente deprimente não?

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