É uma igreja portuguesa com certeza !

Rita Paião – Homify Rita Paião – Homify
IGREJA DE NOSSA SENHORA DA LUZ (Reconstrução) (2003), pedro pacheco arquitectos pedro pacheco arquitectos Espaços
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A reconstrução da Igreja de Nossa Senhora da Luz data já de 2003, mas não é por esse motivo que deixa de ter interesse  em falarmos dela. Há poucos arquitectos que se dedicam, ou que tem a oportunidade de remodelar, construir um igreja. Sabemos que são projectos que são realizados em menor escala e que só por isso diminui o número de novos projectos possíveis.

A igreja de Nossa Senhora da Luz é um ponto de referência obrigatório quando se passa pela aldeia da Luz no concelho de Mourão, no sul de Portugal, perto de Albufeira. A igreja trouxe-lhe a identidade que precisava.

A sua reconstrução vs desmontagem pode ser encarada como uma descodificação da sua história passada. O acto de reconstruir é uma forma de dar corpo à igreja, permitindo-lhe entrar num novo estrato de transformação em continuidade com a sua própria história iniciada no século XV. O processo de reconstrução não se traduz apenas numa reconstituição de história, mas procura recuperar toda a densidade de saber contido na espessura das paredes, o tempo lhe conferirá uma nova autenticidade.

O enquadramento

Apesar de, com pena nossa, não lhe podermos mostrar toda a área circundante à igreja (pois não tivemos acesso a essa imagens), levantamos o véu e contamos-lhe um bocadinho mais. O Museu da Luz é um espaço de linhas modernas que combina na perfeição com as linhas mais clássicas da igreja. No seu interior podem ser vistos objectos antigos e históricos típicos da região e com atenção reparar nos materiais escolhidos para os revestimentos – pedra, madeira – com grandes clarabóias de luz natural e também grandes vãos em vidro. Estes vão de grandes dimensões permitem ver a planície com outros olhos, quase que como emoldurados pela caixilharia da janela. A atmosfera é calma e tranquila.

Existe uma zona pedonal feita em pedra que faz a ligação do museu à igreja e respectivamente a uma zona de estar criada para se conviver ao ar livre, toda ela também em construção de pedra.

As paredes em alvenaria de xisto extraída in situ, as abóbadas em tijolo artesanal e as argamassas e rebocos de cal, recebem de novo as cantarias de pedra que durante séculos consolidaram o culto litúrgico do lugar da Luz.

O altar

Pedro Pacheco é o nome do arquitecto por trás desta remodelação. Na igreja de pequenas e singelas dimensões manteve-se com cuidado todas as formas arquitectónicas interiores. A manutenção das técnicas construtivas tradicionais, permite preservar as condições espaciais, térmicas e a sua materialidade. Reduziu-se ao mais simples possível os interiores. As paredes foram pintadas de branco tal como os nichos na parede. O friso de azulejo foi mantido e apenas o mobiliário teve extrema mudança – de linhas simples e de cores correspondentes aos materiais.

A maior diferença nestes interiores religiosos foi dos objectos mobiliários, como é o caso do altar, do púlpito e dos receptivos oratórios para orar nas missas. 

Mobiliário vs arquitectura

O contraste dos materiais e das suas respectivas cores criam uma atmosfera confortável e de, aparentemente, temperatura quente. O chão e os bancos foram projectados com o mesmo material – madeira de cor clara. Já para o púlpito a escolha foi de madeira que posteriormente foi pintada de bordeaux (cor do vinho divino). Já o altar é um misto de pedra com madeira onde podemos verificar que nem o objecto de colocação da bíblia foi descurado, tendo também ele o mesmo material do chão e bancos. 

Em modo de conclusão, em todos os objectos de mobiliário estão presentes linhas simples, rectas que transpiram simplicidade e quem sabe, alguma paz. É o contraste implícito entre o mobiliário e a arquitectura que tornam esta igreja tão especial.

Detalhes vs pormenores

A pedras trabalhadas minuciosamente nos interiores foram mantidas com gosto, apenas se juntou uma grade em madeira pintada na cor do vinho. A pedra é em mármore de cor branca.

Tal como numa porta de forma arredondada a mesma cor foi aplicada. Aqui, por ser no exterior a pedra é granito.

A atmosfera

É num dia de Verão com um céu com diferentes tons que os moradores da aldeia se juntam no espaço exterior à igreja numa pré ou pós missa. O local propicia-se a isso mesmo e é por baixo da cruz em pedra estilizada que famílias preferem sentar e pôr a conversa em dia.

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